sábado, 27 de novembro de 2010

às voltas à minha volta

a incerteza impera
na minha inteligência
e eu decerto sou escravo dela.
sou como se a morte
me sorrisse bem de perto
e a vida já não fosse bela.
dúvidas sobre tudo - elas são
toda a ocupação do meu pensar.
elas são, sobretudo, a razão
porque não sei agir,
porque não sei amar.

(a noite caiu mais escura,
como nunca antes caíra,
e com toda a minha saudade
lembro o tempo em que minh'alma era pura,
o negro da noite mentira,
e a luz do dia verdade.

mas troquei quase tudo na vida,
quase tudo pelo contrário de tudo.
hoje sou quase o contrário de mim,
sou quase o contrário do mundo. )

eles lembram, enganados,
enquanto o tempo dura,
que nós não somos Natureza.
mas que a Origem é uma verdade escura,
e que na vida não há senão tristeza
eles esquecem e têm quase a certeza
eu penso e tenho quase a loucura.

e que tortura, esta loucura -
o ter demais que pensar,
o ter demais que não sinto,
o meu desejo faminto
de tanto querer saber,
e de tanto querer saber nem achar.

mais uma pergunta, menos uma resposta,
mais meia volta na cama.
mais um medo que me lembro, menos uma coragem que tenho e
meia volta na cama.
mais isto, menos aquilo e...
meia volta na cama.

sempre assim - mesmo sempre assim,
que eu não sei nem saberei do meu presente ou do porvir -
até que o dia chama por mim
e me levanto sem força e com preguiça de sentir.

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